A Maria é sem vergonha
e sonha...
Todos a tateiam,
pisoteiam,
sem lhe dar valor,
nem lhe notar a cor...
Maria não atrapalha o caminho...
É dócil e sem espinho,
não magoa ninguém,
não vale um vintém...
A sem vergonha sonha...
Brota, desabrocha toda prosa...
Imagina-se uma rosa
Maria Rosa
Rosa Maria
Filha de Maria...
Maria sem vergonha...
Não lhe fazem canção.
sequer um verso...
Mundo perverso...
Ninguém a protege, agasalha
como fariam se fosse Dália
Aí não estaria ao rés do chão
Talvez, num cristal alemão...
Maria não se ajeita...
Dá a beira da sarjeta...
Maria é sem vergonha,
mas... Sonha...
Roxa, vermelha, tristonha...
Vai pela calçada
Desnuda e isolada...
Maria não é Rosa...
É sem perfume...
Não faz ciúme...
Apenas sonha,
sem vergonha....
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Pedro Galuchi
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