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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Soneto 54

Oh, como a beleza parece mais bela
com o doce ornamento que a verdade produz!
A rosa tão bela, mas mais bela a julgamos
Pelo doce aroma que nela seduz.

As rosas silvestres têem a cor tão profunda
Quanto a tintura das rosas perfumadas,
Têem os mesmos espinhos e brincam tão vivamente
Quando o sopro do verão expõe os botões velados;

Mas exibem-se apenas para si mesmas,
Vivem esquecidas e murcham obscuras;
Morrem sozinhas. As doces rosas, não;

De suas doces mortes surgem as mais doces essências.
e assim também a ti, a bela e adorável mocidade,
Fenecido o frescor, revela em versos tua verdade.

 
Shakespeare