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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Língua do Silêncio (da falta de som)


Meu silêncio não arrasta os pés,
não tira os sapatos,
nem estremece o chão.

Não abra as cortinas,
não é ode à Lua.

Meu silêncio não é tartrazina,
não faz pirueta.

Meu silêncio não come e dorme,
não é sofridão.

Não é solitário, não é revoltado.

Meu silêncio é o meu objeto,
o meu estrondoso calar de palavras.

Meu silêncio é o corte no excesso dos sons.
É minha Língua, minha linguagem...

É o meu silêncio a preencher lacunas,
espaços impenetráveis.

O Silêncio, é o que me sobra,
quando os sons não dizem nada.


A.R.S.