Lembrarás tu que as manhãs
Acordam da tua luz fugidia
És esperança de perdida estrela
Quem recolhe a dor em Deus confia
Assombração que o luar esqueceu
Nas margens de um lago azul
Hoje passou a voar por mim
A última garça a caminho do sul
Era alva como a espuma do mar
Graciosa como mulher feliz
Voava de encontro ao vento
Com olhar brilhante de petiz
Hoje as gaivotas invadiram a terra
Hoje uma alma esqueceu-se de florir
Hoje é o começo do amanhã do teu querer
Hoje proclamei-te rainha no partir
À Garça?
Ou terá sido a uma triste desventura
Que me ocupou a alma em silêncio
Num soluço de desperta amargura
Mas a alma do poeta
É baía de todas as emoções
Campo de batalhas terríveis
O bater eterno de mil corações
O sentir infinito percorrendo a emoção
O choro chorado de um justo
A brisa solta do arpejo de asas de anjo
Um gesto de pena feito sem custo
Esta pena penada que percorre o papel
Deixa tatuadas as palavras que nunca saberás
A folha continua imaculadamente branca
Sem tinta a palavra encoberta não abraçará o que dirás
Gostava de ver no hoje
Tudo o que o amanhã tem para me dar
Gostava de perpetuar o sonho sonhando
Até que te pudesse encontrar
Mas o sonho corre ligeiro e confuso
Como barco na procura de um atol
Hoje procurei-te Rainha da Claridade
Errantememte até...À partida do Sol...
O PROFETA