Do que a vida me deu, tenho a inconstância
Do vento e aquela solitária calma
De palmeira que acena, em cada palma,
Os adeuses perdidos na distância...
E se não tenho mais essa fragrância
De asa liberta que, no azul, se espalma,
Conservo o ingênuo olhar de minha infância
E o infinito do céu no fundo d'alma!...
Nada à vida pedi ... Mas, em verdade,
Tive um desejo muito pequenino
Que ontem era esperança e hoje é saudade...
Porém, se ela negou-me o que eu queria,
Veio a noite insondável do destino
E encheu de estrelas minha mão vazia!...
( Antologia da Nova Poesia Brasileira
J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1948 )