Nasce o ser mudo, atento a tudo,
grávido de sonhos,
pronto a ouvir e a sentir, na pele, o amor,
apto a retribuir os gestos concebidos.
Cresce, aprende, e desenvolve a vida,
pulsante, entre palavras
inscritas na maternidade.
Nasce o poeta, calado,
pintando a sensibilidade do visto;
sonha no vento, colorindo o tempo;
iça vôo sobre pedras,
fala com pensamentos,
dança com a imaginação,
sofre, e é feliz, amando,
com o dom de transformar
lágrimas em gotas de orvalho,
evaporadas dos lagos e rios doces,
que cascateiam nas ondas do mar,
murmurando o sentido,
que embala o berço de letras,
unidas em palavras escritas
sobre linhas paralelas, eternas,
cantando e encantando o verbo
que torna a magia em alegrias
de um infinito viver.
Schyrlei Pinheiro