Da
mais alta
janela
da minha
casa
Com um lenço branco digo adeus Aos meus versos que partem para a Humanidade.
E
não
estou
alegre
nem triste.
Esse é o destino dos versos. Escrevi-os e devo mostrá-los a todos Porque não posso fazer o contrário Como a flor não pode esconder a cor, Nem o rio esconder que corre, Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los
que vão
já
longe
como que
na diligência
E eu sem querer sinto pena Como uma dor no corpo.
Quem
sabe quem
os terá?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor,
colheu-me
o meu
destino
para os
olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas. Rio, o destino da minha água era não ficar em mim. Submeto-me e sinto-me quase alegre, Quase alegre como quem se cansa de estar triste.
Ide,
ide de
mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza. Murcha a flor e o seu pó dura sempre. Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passo
e fico,
como o
Universo.
Alberto
Caiero
Poeta -
português - Heterônimo
de Fernando
Pessoa
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quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Da Mais Alta Janela Da Minha Casa
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