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domingo, 23 de novembro de 2014

NÃO QUERO ROSAS, DESDE QUE HAJA ROSAS

Rosas do nosso jardim.

Foto batida em outubro de 2.014


















Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
© FERNANDO PESSOA
7-1-1935