Quando, a primeira vez, eu encontrei o outono,Andava pelo espaço um silêncio encantado,
num fim de tarde triste, em um parque fanado,
o céu resplendecia em ouro, como um trono.
magnífico, oriental, mágico, deslumbrante,
como se fosse a voz calada do passado.
A velha fonte, outrora alva Ninfa cantante,
que um lírio de cristal perenemente erguia
para despetalar em música um instante,
tinha os lábios sem som, de mármore, esse dia.
Tombavam, como pranto, as folhas mortas. Era
um imenso soluço verde de agonia
o parque, na atitude êxul de quem espera
um mistério qualquer... Errava em todo o ambiente
a saudade da derradeira primavera.
As violetas, na sombra, iam-se lentamente
esvaindo em perfume — ametistas de aroma
que vestiram de luto a alma viúva do poente.
Alceu Wamosy
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