Busco nas flores o apelo carinhoso
como o prisioneiro da ilha do diabo que acariciava as escolopendras.
As flores já não se usam
mas olhadas daqui, por entre as grades,
são corpos disponíveis que aceitam e se oferecem.
Aqui, a sós, onde ninguém me ouve,
nem vê, nem sente, nem sequer suspeita,
poderei olhá-las como os enfeitiçados
olham,
e em silêncio falar-lhes,
sem palavras,
apenas com o mover das sobrancelhas.
(...)
Acaricio a flor no seu vaso de plástico
e vou
Vou por aí.
António Gedeão
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