Eu amo as flores
Que mudamente
Paixões explicam
Que o peito sente.
Amo a saudade,
O amor-perfeito;
Mas o suspiro
Trago no peito.
A forma esbelta
Termina em ponta,
Como lança
Que ao céu remonta.
Assim, minha alma,
Suspiros geras,
Que ferir podem
As mesmas feras.
É sempre triste,
Ensanguentado,
Quer seco morra,
Quer brilhe em prado.
Tais meus suspiros...
Mas não prossigas,
Ninguém se move,
Por mais que digas.
Gonçalves de Magalhães
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