Talvez se exija demais de um poeta.
Talvez o peito humano seja pequeno
para tudo o que os olhos divisam.
Talvez tenhamos de ser, não arcanjos,
mas homens, nos homens que sempre fomos,
e falar deles, pois é de nós que falaremos,
e não de palavras e delírios, da febre
que arde como a ilusão de quanto ansiamos.
O amor urge e por isso o cantamos, não
apenas como nosso, mas como o de todos,
que em todos é igual a sede, e se há corpos
que envelhecem, ainda que furiosamente resistam,
outros nascem e virão até nós na sua gloriosa luz.
É essa a esperança, que não é esperança nossa,
mas decerto a beleza que a um homem se permite.
Manuel
Rodrigues
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