
Sou água que o vento embala
Sou vazante, sou maré
Sou verso que não se cala
Inconstante; juíza e ré
Sou mágoa que inunda a fonte
Sou instável, leve brisa
Sou sol por detrás do monte
Incansável; poetisa
Lena Ferreira
O que for da profundeza do teu ser assim será o teu desejo
O que o teu desejo assim será tua vontade
O que for a tua vontade, assim serão teus atos
O que forem teus atos, assim será teu destino
Esse é o caminho de todos nos. Brihadaranyaka Upanishad
Sou uma canção de ninar!
Experimentadora dos sabores do tempo...
Estrela da constelação familiar.
Sou letra e música da canção
do mais puro sentimento,
que a mulher é capaz de cultivar.
Lembrarás tu que as manhãs
Acordam da tua luz fugidia
És esperança de perdida estrela
Quem recolhe a dor em Deus confia
Assombração que o luar esqueceu
Nas margens de um lago azul
Hoje passou a voar por mim
A última garça a caminho do sul
Era alva como a espuma do mar
Graciosa como mulher feliz
Voava de encontro ao vento
Com olhar brilhante de petiz
Hoje as gaivotas invadiram a terra
Hoje uma alma esqueceu-se de florir
Hoje é o começo do amanhã do teu querer
Hoje proclamei-te rainha no partir
À Garça?
Ou terá sido a uma triste desventura
Que me ocupou a alma em silêncio
Num soluço de desperta amargura
Mas a alma do poeta
É baía de todas as emoções
Campo de batalhas terríveis
O bater eterno de mil corações
O sentir infinito percorrendo a emoção
O choro chorado de um justo
A brisa solta do arpejo de asas de anjo
Um gesto de pena feito sem custo
Esta pena penada que percorre o papel
Deixa tatuadas as palavras que nunca saberás
A folha continua imaculadamente branca
Sem tinta a palavra encoberta não abraçará o que dirás
Gostava de ver no hoje
Tudo o que o amanhã tem para me dar
Gostava de perpetuar o sonho sonhando
Até que te pudesse encontrar
Mas o sonho corre ligeiro e confuso
Como barco na procura de um atol
Hoje procurei-te Rainha da Claridade
Errantememte até...À partida do Sol...
O PROFETA
Olhe acima das idéias
As estrelas que inspiram
Os céus que governam
As doces canções
Enleve a alma para além
Deixe que siga seu curso natural
Não a torture ou mutile
Não a acomode, inerte
Deixe que se espraie dentro de si
E pelo mundo, cativante, alegre
Que ela seja como uma canção
A sua canção individual
E que possa enlevar outros
Que cantem suas próprias canções
De amor, de paz, canções próprias
Únicas canções de vida