![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf_4RjjzMfzU5coMYKJ7h2dd11u4rxhHkm2nxzT5zxbM9AXnrqKxAJSKRU7ZFG9dlGnpsgeL6t1ptZu1K75lnm161nqEzUWbj4E0PCZFyb-1Bbbz-Zxj6HFyBDI4J5Mf4RflEZiGFkmtA/s320/protecoes-de-tela-linda-natureza.jpg)
Alma serena, a consciência pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade não é dor nem amargura,
dilui-se ao longe a derradeira festa.
Não me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada é esta:
difícil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta.
Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer,
como raiz na terra, água corrente.
Tão fácil o difícil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro,
eu canto ao sol e para toda a gente.
Fernanda de Castro, in "Ronda das Horas Lentas"