Então é Natal...
Gira um mundo, adultos e crianças
Em cidades, ruas e lojas
Vestidas de mil vaidades e cores...
Montras coladas
De olhos presentes em lembranças
Ressuscitam a vida em dias
De um ano morto em valores.
*
Desembrulha-se de repente no ar
Luzes e efeitos de bondade
Onde tempos e ventos correm frios
Corrupios de sonhos agendados em contramão...
Às mãos de um mendigo
Um pedaço de paz e de(s)igualdade
O brilho profundo de um rosto
Embriagado pela desilusão.
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Então é Natal...
Famílias (por fim) unidas em mesas fartas
De emoções e tradições
Corações e brindes, em taças de esperança...
A fome corre nua
Descalça pelas ruas, nossas matas!
Pára as armas?
Pára a guerra?
Não á presentes nesta terra!
Só o choro de uma criança!
***
Uma casa ao lado
Uma lareira faz agasalho
Às preces de quem não pediu...
Tão perto, mas tão distante
Um pedido não se ouve
A mesma sorte não sorriu!
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Sapatinhos cheios de nada
Chinelos de pés descalços
Um mundo despido
Já sem tempo
Já sem hora
O olhar mais profundo da sobrevivência...
Outros…
De jóias enfeitando sorrisos na cara
Desperdiçam exageros
De alimentos jogados fora
O acto mais cruel da humana demência.
*****
Mas que coisa mais linda!
O desembrulhar dos laços decorados
Em puro afecto e ternura
Um sonho tornado realidade
Aos olhos de uma criança...
E se cada uma
Desembrulha-se nesta quadra universal;
Uma paz, sem amargura
A coerência da humanidade
Um futuro, uma esperança?
Então sim…
Então era Natal!
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Quanto mais vejo, pessoas felizes…
Mais me cego nos outros!
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Bom Natal!
- Moisés Correia -
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