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quarta-feira, 10 de março de 2010

Cantar



Cantar de beira de rio:
Agua que bate na pedra,
pedra que não dá resposta.

Noite que vem por acaso,
trazendo nos lábios negros
o sonho de que se gosta.

Pensando no caminho
pensando o rosto da flor
que pode vir, mas não vem

Passam luas - muito longe,
estrelas - muito impossíveis,
nuvens sem nada, também.

Cantar de beira de rio:
o mundo coube nos olhos,
todo cheio, mas vazio.

A água subiu pelo campo,
mas o campo era tão triste...
Ai!
Cantar de beira de rio.
Autor: Cecília Meireles