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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

" Uma Oferenda Ao Destino " Nelson de Araujo Lima



Do que a vida me deu, tenho a inconstância
Do vento e aquela solitária calma
De palmeira que acena, em cada palma,
Os adeuses perdidos na distância...

E se não tenho mais essa fragrância
De asa liberta que, no azul, se espalma,
Conservo o ingênuo olhar de minha infância
E o infinito do céu no fundo d'alma!...

Nada à vida pedi ... Mas, em verdade,
Tive um desejo muito pequenino
Que ontem era esperança e hoje é saudade...

Porém, se ela negou-me o que eu queria,
Veio a noite insondável do destino
E encheu de estrelas minha mão vazia!...

 
(  Antologia da Nova Poesia Brasileira
  J.G . de  Araujo Jorge - 1a ed.   1948  )