![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFj5dd8YBIUry-FdioMTMn1L_h8khIBkFU9fDU6SBtlZFuFrYwrlys5Cee6RLo1Sz7u3pCt_9MEqiIFFG6_6JMvOUDWgsnr1TMoQPwlbvXuVxKorzV7yK-vLuRvt0AhMqvnspCOH6n4dDL/s1600/images.jpg)
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade